sábado, 7 de julho de 2007

Gauche na Vida ( Para Drummond )

Meus olhos de oceano
Anseiam pelo dia
Em que o sol poente levara consigo
Cada lagrima contida,
Ardida, pois, e sofrida sim
Estão todas elas perpetuadas
Todas em mim

E a lua
Rasgará a bruma fugaz
Que me cobre alma antiga
Minha alma audaz
Mal compreendida, minha moral perdida
Já não importa mais...

E eu seguirei então,
Tal como Drummond,
gauche na vida.

Em desesperada busca por inocência
Eu superarei a decadência
Da riqueza material
Voltarei a mim, afinal

E, Entre cada sonho e cada manha insistente
Em delírio, persistente
Canso, danço e liberto a mente

E a cada vez que sou colírio
Perdão imploro
A olhos aos quais fui cloro ardente

Mas não duvide,
Sonharei ainda, em aventuras ciganas
Por possíveis dias de felicidade
E, Por possíveis fusões humanas
Na cama, no quarto...

E enquanto a cidade adormece e reclama
Sua própria identidade
Ciente eu sigo,
No mundo que conta dólar por dólar
E furacão por categoria
Eu crio o mundo inbetween

Meu mundo depende de mim
De minha fantasia
Alegoria por alegoria
Minuto a hora
Hora a dia
Sabendo que Deus é acima de tudo
Uma grande ironia

E o futuro da cultura reside
No sol nascente, no sarcasmo e no não saber
E a quem me faz curioso ofereço amizade
E a quem me faz parecer
Pouco, demais, nobre ou vil
Ou ainda ingênuo e indiferente.

Eu lhe enganei...
Primeiro de Abril
Sinto muito, mas meu tempo é acima de tudo
Preciosidade

Por quanto minh’alma ardente clama
Pelo corpo e pelo que o corpo chama
Arde
Pressente
Conclama

E eu vou a fundo,
acordo cedo
E durmo tarde
Não minto, eu tenho medo
Mas não sou sacana,
nem sou covarde

E a cada segundo iminente
O passado vem à tona como a por fim a tudo
Para cada Fiorento morreu um Jose
E a cada Joana um Rodrigo
A cada Mariah uma Duda

Assim é a matemática da vida
A cada alegria uma alegria ferida
Uma dor aguda, uma dor sentida

Mas a cada um mais, um dois e afinal,
Sigo sozinho
Mas solitário jamais
A guerra entre o bem e o mal não é minha
Não mais,

E se deus e o diabo brigam
Que me deixem em paz....

Escolho a melancolia
Pelos anos sessenta onde nem era vivo
E pelos setenta e pelos oitenta e pela inocência perdida em noventa e nove
O mundo move
E entre o bem e o mal, o senão
E entre o quadrado e o circulo, a espiral
O que parece obvio ao mundo automático
Ao mundo tolo, ao mundo industrial

Sobrenaturalmente padece ao abraço amigo
Meus olhos de oceano refletem o que carregam consigo
Entre o côncavo e o convexo, o que chamam Rodrigo
Vive,
Entre o verde e o azul profundo
As cores possíveis e as cores impossíveis do mundo
E as nuances sonhadas

Ah as nuances que eu vejo e quase ninguém vê,
Me fazem sobrevivente,

E o mundo que almejo
E que nesse momento te faz sorrir
É o mundo que mereces
O mundo que mereço
Pois que saibamos então
Que entre preces e preços
E entre o mundo dos anjos e
O mundo atroz

Vale escolher ficarmos bem
Valemos nós
Entre eles, elas, depois e agora e entre um e dois, três
Valemos mais sendo um mais um e mais um talvez

Minuto a hora,
Hora a dia
Dia a mês
E se somares doze, um ano
E se somares lagrima a lagrima contida

Um oceano
Trinta e dois anos,
Uma vida.

Drigo