sábado, 24 de maio de 2008

Luau em Ocean Beach, 2am

É noite e o fogo e o mar e tanta cerveja
Que eu anseio voar
Olhando para um céu que só deus, dizem
Pode tocar e eu disse a deus que perdi as minhas asas
No ventre de minha mãe e em sonhos e orações

E em tardes bêbadas e noites como essa
Que mal posso lembrar e
Eu pedi a esse mesmo deus que devolvesse as minhas asas
Pois meus braços estão cansados

E hoje mais cedo
Eu e meus amigos estávamos
Batendo nossos braços
Tentando voar
Cansados
De tanto ejetar
Latas de cervejas de nossas mãos

Ao cosmo

Tentando voar
Tentando tocar deus e o céu e com tamanha religiosidade
Quem precisa de igreja?

Falando em línguas tão claras e óbvias sentindo-nos mais vivos
Mais do que nós mesmos
E por fim vomitando tanta vida sobre a calçada dura

Tentando conhecer deus
O universo tentando conhecer deus
Enquanto matamos uns aos outros por azeite e religião

Até que nossas asas finalmente se abram
E nos tornemos mais do que humanos
Pois ser humano não basta
Não basta quando eu olho para as estrelas e penso deus

Tudo o que eu queria
Era ser
Teu astronauta

Drigo

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ao mal e ao bem que a Califórnia me fez

Eu espero pelo frio tudo o que eu quero é voltar pra casa
E eu digo isso por que eu não agüento mais ligar a cobrar pra dizer
Que todo mundo morre um pouco no decorrer de cada dia

E um outro pouco
A cada anoitecer

Morre sozinho,
Quase sem querer

E eu sei que cada chance de ter caído fora
Foi uma chance jogada fora
Eu espero pelo frio e eu pago para não sofrer
Eu pago sem querer

Eu não quero o que não seja meu, mas tudo bem
O merecer não é algo que eu queira discutir
Prefiro não merecer e partir

Eu tenho essa qualidade quase nada rara hoje em dia
De perder o controle e de apagar o que eu não quero
Na minha memória
De saber demais de história
Sem se dar conta
De que a história quem faz

Somos eu e você

E minha mente ainda está presa
Por sorte ou falta dela
No oeste da América do Norte
Presa demais

Ao mal e ao bem que a Califórnia me fez
a ainda e me faz

E a um passado que me traz a vontade a tona
Me faz querer a volta
Uma vontade que não me deixa em paz

E certa revolta ao perceber que
Eu sou diferente demais do viver desta cidade

Talvez eu devesse agir mais de acordo
Com minha idade com quem discorda
Com quem me dá pouca bola

Mas se tempo e espaço são de certa forma a mesma coisa
E se a vida é escola
Que mal há em se saber

Atemporal

Eu não sei como não o ser
E eu queria ter a capacidade afinal
De saber esquecer

Mas se for o caso
Eu caio fora de vez
E as coisas que ninguém fala que fez
Viram as coisas que só eu fiz

Eu espero contudo, que com o tempo
Você esqueça também
Que você conheça alguém
Que você seja feliz

Drigo

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um semi-tom (ou menos)

Como música
Uma nota clama por outra
E depois
Por outra mais

E
Quando essas notas são menos
Prováveis
É quando eu gosto mais

Tipo,
Você batendo a minha porta
Às 4 da manhã

E demora sim uma vida ou duas
Para que se compreenda
Que não se precisa de comando ou direção
Quando se segue o chamado da natureza
Quando se escuta o coração

Mesmo que ele exija um bocado de tristeza
E demande
Andar na contramão

O chamado pede sim
Por um pecado ou dois
E por
Revolução

E pede por uma mente que transite livremente
Em qualquer dimensão
Afinal

Qualquer mente muito consciente facilmente entra num oceano de loucura e gozação
Por vinte e poucos reais
Mas os caminhos reais
Só trilha quem lida
Com tempo e forma de forma criativa

Quem vive a favor da vida
Ativando vida,
Por combustão e
Explosão

Drigo