domingo, 17 de agosto de 2008

All I know is that I know nothing

E então
Eu páro e meus olhos fitam
Em busca de compreensão

E de tanto fitar se cansam a saber que,

Mais que meu querer
Mais do que entender
O que se fez
Ou não se fez

Ao completar-se um ano

Importa ser
Mais oceano
E aceitar-se errático
Por mais que eu me perceba

Matemático,

Eu aceito por fim
O inesperado, o acidental
E o poder subliminal
Da imaginação


Quem espera resposta ao calcular
Esquece-se de respirar e não se dá conta que

A matemática é mera linguagem
Imagem do verdadeiro, mas...
Não oferece solução

E o que importa na verdade
É que a falta de compreensão
Faz-me e faz a ti
Mais sãos.

E à cada peça que clama por outra peça
Para que encaixe

Eu digo não

E eu reconheço que isso incomoda e quase peço que me esqueçam
Pois me faz assim mais suportável esse cansaço
Eu que sou carne e não sou aço

Tanto penso
Tão pouco faço

Mas eu não me encaixo mesmo,
Eu sigo sendo
Ladeira abaixo
Por gravidade

F=m.a


Na física de quem raciocina

Como se a esquina
Oferecesse
A resposta

Como se a menina
Oferecesse
A resposta

Como se perguntar garantisse
Exata explicação

Eu digo de antemão
Que não há
Explicação

Por que se ama um homem
Ou uma mulher e o porquê
Da supremacia ocidental
Do garfo e faca

Sobre a colher

A compreensão é uma utopia
A alma humana é vagabunda e vadia
E aleatória

E a história uma invenção
Diz-se e se escreve o que se quer
E no fim ninguém entende
Por que se insiste
Na dor
Que contagia

Sofre tanto o filho da puta
Que a dor imputa
Quanto quem em busca de sentido

Dói na luta
Ao ser infligido

A dor gera sanidade
E a idade
Humana ou sobre-humana
Encaminha-nos

Na busca por verdade
Obvia a maldade em quem serve ao ego

A luz que não estimula no cego a visão

acalenta-lhe
O coração

Um conforto que transcende a compreensão
Faz-lhe intuir

Mais do que nós que vemos e,
Que por não ser esse poema em Braille

Aqui o lemos

Desatando os nós
Que uma vez desatados
Transformam-se

Em novos nós.
E faz-nos de tanto amor, desejo e inteligência.

Montes de pó em pró

Da angústia de uma ciência
Que tão pouco entende


E eu
Que pareço um louco
Ao admitir

Que sou tão pouco

Que sei tão pouco.

Me calo e deixo o sol nascer
O galo cantar
E o dia acontecer

Drigo