Um poema perfeito
Há de ser rápido
Cuspido ou vomitado
Deve ser doado ao mundo de qualquer jeito
Sem preconceito e sem conceito
Deve lidar com o abstrato como fato
O poeta literato
Deve ficar quieto quando lhe perguntam o “porquê” do que escreve
Deve abrir mão de fazer sentido
E deve orar a um deus que lhe permita
Jamais tocar o chão
O poeta verdadeiro
Deve queimar por inteiro
Pois poesia é combustão
Que é mais do que destino
É a nossa salvação
E acima de tudo há de se saber
Que o poema é o poeta
E que a perfeição é um conceito
Inatingível
Que o amor é ilegível
Que transcender é essencial
Que o que vemos é mundano
E que não há genes conhecidos
Para o espírito humano
Drigo