segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Paradoxo do Perfeito

Um poema perfeito
Há de ser rápido
Cuspido ou vomitado
Deve ser doado ao mundo de qualquer jeito

Sem preconceito e sem conceito
Deve lidar com o abstrato como fato
O poeta literato
Deve ficar quieto quando lhe perguntam o “porquê” do que escreve

Deve abrir mão de fazer sentido
E deve orar a um deus que lhe permita
Jamais tocar o chão

O poeta verdadeiro
Deve queimar por inteiro
Pois poesia é combustão
Que é mais do que destino
É a nossa salvação

E acima de tudo há de se saber
Que o poema é o poeta
E que a perfeição é um conceito
Inatingível

Que o amor é ilegível
Que transcender é essencial
Que o que vemos é mundano

E que não há genes conhecidos
Para o espírito humano

Drigo