sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

São Paulo

São Paulo eu prometo não rimar no infinitivo
E te amar sem reservas, medos ou motivos

Decidido e condicionado por tuas formas eu me coloco em teu centro
Eu me concentro

Nesse amor
e por esse amor te julgo acima de tua indecência
Me ponho dentro sem proteção
- por inocência
E dose certa de inerente incoerência
Que nunca falha em me fazer alcançar

São Paulo eu te como por fome e sem reservas
Medos ou motivos

Por não saber rimar no infinitivo


E eu acho que só você é capaz


De me entender e entender como


Meus medos refletem nos teus
espelhos de céus azuis e vermelhos que me cegam
os olhos

eles
abrem quando me tocas a ferida aberta na hora incerta
Como uma amiga leal

São Paulo eu te conheci por espelhos e és muito melhor assim
Quando caminho por ti em confidência

Sussurrando que estou feliz
por não ter esperado conselhos
E me haver poupado escutar de teus tão certos defeitos

Teus futuros imperfeitos,
teus sês e quandos e senãos

São Paulo que acontecimento tão doloroso eu espero
Que eu não possa te suportar?

O que eu te peço, e tão só o faço
É que aceites o catálogo de sofrimentos antecipados que eu trago comigo

Meus medos, eu nos prometo
Eu hei de superar


Rodrigo Barata, 2/2010